“Mas como, se sou tão magra e engordei tão pouco!”, questionava-se uma grávida, confrontada com o resultado da análise que mostrava estar com diabetes. É um facto que a grávidas mais gordinhas terão maior propensão para algumas complicações da gravidez, nomeadamente a diabetes gestacional; porém, pode tocar a todas, o que justifica que todas as grávidas façam a análise.

A diabetes gestacional é uma disfunção metabólica idêntica à diabetes comum, só que ocorre na grávida, relacionando-se em grande parte com a atividade de uma hormona produzida pela placenta, a hormona lactogenea placentar. A sua síntese aumenta ao longo da gravidez atingindo um pico pelas 24 semanas, razão pela qual, na ausência de fatores de risco, a análise de deteção de diabetes só deve ser feita por esta altura.

A prova consiste na medição da quantidade de açúcar no sangue materno em três momentos: em jejum, e uma e duas horas após a ingestão de uma bebida com 75g de glicose. Bastará que um desses três valores ultrapasse os limites estipulados para que se considere uma diabetes gestacional. Os fatores de risco para esta patologia incluem a obesidade, aumento de peso de forma rápida na gravidez, história familiar de diabetes e idades extremas da vida fértil (adolescentes e grávidas acima dos 35 anos) e, se alguns não são passíveis de correção, outros, como a obesidade podem ser controlados com uma dieta polifracionada e atividade física e dessa forma reduzir-se o risco de vir a desenvolver diabetes gestacional), com o aumento de risco de complicações no parto; hipoglicemia neonatal e risco de virem a desenvolver uma diabetes ou obesidade; para a grávida aumenta o risco de outras complicações como a pré-eclâmpsia e vir a ter mais tarde uma diabetes.

As grávidas magras, como a que se questionava sobre essa improbabilidade de ter diabetes, esquecendo-se dos seus lanches de palmiers, devem também acautelar-se de forma a não serem apanhadas nas malhas desta falha do controlo do metabolismo dos hidratos de carbono.

Diabetes Gestacional

Sabia que…

A diabetes gestacional ocorre me 1-3% das gravidezes, mas nas grávidas com mais de 40 anos a prevalência é de 16,5%

Os enjoos ajudam…

Os enjoos das grávidas, queixa frequente e incómoda, têm pelo menos uma utilidade: tarde ou cedo a grávida descobre que, se comer frequentemente, controla melhor esse desconforto.

É um facto que a descida dos níveis de açúcar no sangue despoleta ou agrava a sensação de naúsea. A ingestão de pequenas refeições com intervalos de cerca de duas horas e meia é muitas vezes suficiente para melhorar o mal-estar e é, no fundo, o que se pede para o controlo da diabetes.

Só há que estar atenta ao que se ingere: se a escolha recair sobre um bolo, o açúcar subirá muito rapidamente no sangue mas, atrás dele, virá também uma subida da insulina que num instante “arruma” o açúcar nas células caindo os seus níveis para valores por vezes até inferiores aos anteriores ao bolo… E vêm as tonturas, por vezes até algum tremor… Mas se em vez do bolo comer uma peça de fruta (que também tem a frutose, um açúcar de absorção rápida) acompanhado de uma tosta integral (um hidrato de carbono de absorção lenta) este processo será mais gradual, com uma glicemia mais controlada e a sensação de saciedade mais prolongada.

Assim, à conta dos enjoos, ganham-se hábitos alimentares ideias para a prevenção e controlo da diabetes.

Diabetes Gestacional

Fonte:

Marcela Forjaz, ginecologista e obstetra

Pais & Filhos, número 304, maio 2016

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