A puberdade corresponde à fase da vida em que o corpo de uma criança se transforma gradualmente até se transformar num corpo com características adultas. Todas estas transformações são controladas pelas hormonas sexuais que são as responsáveis pelo início, desenrolar e terminar desta fase de alterações profundas. Apesar de muitas vezes confundida com a adolescência, é muito importante saber que puberdade não é sinónimo de adolescência. De uma forma geral a puberdade tem início nas raparigas entre os oito e os 13 anos e nos rapazes entre os nove e os 14 anos. 

A puberdade corresponde à fase da vida em que o corpo de uma criança se transforma gradualmente até se transformar num corpo com características adultas.

O crescimento em altura

O crescimento de uma criança passa por diferentes fases de crescimento ao longo da sua vida. Desde o nascimento e até aos 18 meses ocorre uma fase de crescimento rápido, facilmente notado pelos pais. Para que este crescimento ocorra em essencial uma boa nutrição, que a criança esteja protegida de infeções e que algumas hormonas, como as hormonas tiróideas (produzidas pela glândula tiróide) circulem pelo corpo em níveis adequados.

Após os 18 meses, o crescimento continua a fazer-se de forma gradual, mas a um ritmo mais lento. Parte deste crescimento é determinado geneticamente, mas pode ser maior ou menos consoante a saúde apresentada pela criança. Também as hormonas tiróideas, e principalmente a hormona do crescimento, exercem aqui uma função primordial.

A partir da puberdade entram em ação as hormonas sexuais, como a testosterona e o estradiol, que em conjunto com a hormona de crescimento vão provocar o “salto” de crescimento que se observa nesta idade. Tratar-se de um rapaz ou de uma rapariga vai fazer toda a diferença pois as hormonas sexuais atuam de forma diferente consoante o género. Geralmente as raparigas iniciam o salto de crescimento por volta dos dez anos, com um pico aos 12 anos. Já os rapazes iniciam a aceleração aos 12 anos com um pico aos 14 anos. Também a velocidade de crescimento é diferente nos dois sexos ocorrendo um pico de 10 a 12 cm/ano no sexo masculino e de 8 a 10 cm/sexo feminino. O facto de este ritmo ser diferente, e de o seu “salto” de crescimento ser mais tarde são responsáveis pelo facto de a altura média dos rapazes ser superior à das raparigas. 

As características sexuais

O desenvolvimento das características sexuais inicia-se mais cedo nas raparigas do que nos rapazes. Em média um a dois anos antes nas meninas o primeiro sinal de puberdade é o desenvolvimento do peito, designado por telarca. Nos rapazes o início da puberdade é assinalado pelo aumento do tamanho dos testículos, ao atingirem os quatro milímetros. As características sexuais que ocorrem durante a puberdade são o desenvolvimento mamário e da pilosidade púbica nas meninas e o desenvolvimento dos testículos e pénis e da pilosidade púbica nos meninos. Nas raparigas o salto de crescimento ocorre logo após o início do desenvolvimento da mama. Já nos rapazes, o pico de crescimento em altura ocorre quase um ano e meio após o início da puberdade.

Se é verdade que as diferentes fases de desenvolvimento das características sexuais segue uma ordem pré-determinada e em idades mais ou menos pré-definidas, é importante que todos saibam que a idade de aparecimento e o desenvolvimento de todas as características sexuais apresenta uma grande variação individual.

As características sexuais na rapariga

Na puberdade as raparigas passam por enormes alterações que seguem uma ordem pré-determinada e controlada pelas hormonas sexuais. As alterações visíveis ocorrem ao nível do peito, dos pelos púbicos e, obviamente, pelo aparecimento da primeira menstruação.

A primeira alteração, que assinala o início da puberdade, ocorre ao nível do peito, algures por volta dos dez anos, com o aparecimento de uma saliência, pela elevação da aréola mamária, a que chamamos “botão mamário”. Este fenómeno é designado por “telarca”. A telarca assinala o início da puberdade nas raparigas. Nalgumas raparigas pode ocorrer mais cedo (logo a partir dos oito anos), enquanto que noutras acontece mais tarde, só aos 12 anos. Nos meses seguintes o desenvolvimento do peito vai continuar gradualmente. Muitas vezes este desenvolvimento mamário é assimétrico, sendo frequente o aparecimento unilateral do botão mamário. No entanto, com o passar do tempo, a simetria volta a verificar-se. Na fase seguinte ocorre aumento dos diâmetros da mama e da aréola, sem separação dos seus contornos da mama, o que ocorre algures entre os 11 anos e meio e os 15 anos e meio. A partir desta fase a mama continua a crescer até ficar com o aspeto adulto.

A primeira alteração, que assinala o início da puberdade, ocorre ao nível do peito, algures por volta dos dez anos, com o aparecimento de uma saliência.

A segunda alteração evidente é que ocorre ao nível dos pelos púbicos. Até à entrada na puberdade a rapariga não tem pelos púbicos, para além de uma eventual leve penugem, semelhante à que possa existir na parede abdominal. A primeira alteração é o aparecimento de pelos longos e finos, lisos ou um pouco encaracolados ao longo dos grandes lábios, por volta dos 11 anos e meio. A este aparecimento damos o nome de “pubarca”. Em algumas raparigas os primeiros pelos surgem logo pelos nove anos, enquanto que noutras demoram a aparecer até perto dos 14 anos. Depois disto, os pelos vão aumentando em tamanho e em número espalhando-se pela região pubiana até atingirem uma distribuição idêntica à de uma mulher adulta até a adolescente completar os 16 anos de idade.

Por fim, o terceiro sinal da puberdade é a primeira menstruação (o termo médico é “menarca”) que ocorre habitualmente por volta dos 12-13 anos. Esta primeira menstruação pode acontecer mais cedo do que o esperado (perto dos nove anos), geralmente com alguma tendência família. No outro extremo estão as meninas que só têm a primeira menstruação perto dos 14 anos. Tipicamente a menarca ocorre dois anos após os primeiros sinais de puberdade (dois anos após a telarca). Após a menarca a rapariga só vai crescer mais quatro a seis centímetros nos três anos seguintes.

As características sexuais no rapaz

Tal como na rapariga, as alterações que se observam no corpo dos rapazes seguem uma ordem pré-determinada pelas hormonas sexuais. O primeiro sinal, que assinala a entrada na puberdade, é o aumento do volume dos testículos. Nesta fase (por volta dos 11 anos) a pele do escroto muda gradualmente de textura. Em alguns rapazes este aumento do volume dos testículos só começa a verificar-se perto dos 13 anos. Nos anos seguintes observa-se um aumento do pénis inicialmente apenas em comprimento e em seguida também em diâmetro. Os genitais externos adquirem todas as características do adulto geralmente até aos 16 anos de idade. Segue-se o aparecimento dos pelos púbicos (a pubarca). Também o rapaz antes da puberdade não possui pelos púbicos à exceção de uma eventual penugem ténue. Numa primeira fase (em média aos 12-13 anos) surgem pelos finos e longos, lisos ou ligeiramente encaracolados ao longo da base do pénis. Gradualmente os pelos vão crescendo e estendendo-se cobrindo toda a região pública até atingirem a distribuição tipo adulto até aos 16 anos. O crescimento dos pelos axilares e faciais ocorre depois do desenvolvimento dos pelos públicos.

O aumento do peito é também um fenómeno comum nos rapazes, e que tantas vezes os preocupa (e aos pais). Ocorre por um desequilíbrio hormonal momentâneo, por volta dos 13 anos de idade, e desaparece espontaneamente em três anos na quase totalidade dos casos.

Nos rapazes o “salto” de crescimento ocorre mais tarde do que nas raparigas, com um pico aos 14 anos, quando muitas das características sexuais já se encontram em fase franca de desenvolvimento.

Como os pais podem ajudar

O desenvolvimento das características sexuais é um dos fenómenos mais extraordinários, mas também mais perturbadores na vida de um adolescente. É importante que os pais conheçam o essencial destas transformações para poderem perceber o que acontece aos seus filhos nesta fase crucial das suas vidas e responder às dúvidas e anseios mais comuns.

Fonte:

Paulo OOM (Pediatra)

Revista Pais&Filhos

número 288, janeiro 2015

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