O trauma perineal é comum du­rante o parto. Acontece em dois terços das mulheres e é causado por lacerações (ou rasga­duras) ou episiotomia.

Preparação na gravidez

A massagem perineal durante a gravidez pode reduzir a possibilidade de lacerar em mães pela primeira vez (Albers et al. 2005; Beckmann & Garrett 2007). A massagem perineal pode aumentar a confiança da mulher na capacidade do seu corpo para distender e abrir para o seu bebé. Muitas mulheres não fazem este tipo de preparação pois quer acreditem ou não, o períneo vai distender. É importante informar as mulheres que é normal o períneo lacerar e quando isso acontece não significa que falharam.

Posição no Parto

Posições lateral e de gatas diminuem a possibilidade de ocorrência de lacerações. Posições supina, litotomia e cócoras aumentam a possibilidade de laceração (Albers et al. 1996; Has­tings-Tolsma et al. 2007; Mayerhofer et al. 2002; Murphy & Fein­land 1998; Shorten, Donsante & Shorten 2002). Nas posições com inclinação à frente as lacerações são mais frequantes a nível dos lábios, estas lacerações são incómodas mas de fácil cicatrização.

Água morna

Deitar água morna no períneo enquanto a cabeça do bebé coroa pode reduzir a incidência de lacerações graves e reduzir a dor no pós-parto e incontinência urinária (Dahlen et al. 2007; Hastings-Tolsma et al. 2007). O uso de compressas quentes para diminuir a ocorrência de traumatismo perineal também é supor­tada pela revisão cochrane. O parto na água é uma ótima forma de evitar lacerações e a manipulação do períneo durante a expulsão.

Saída lenta da cabeça do bebé

A expulsão da cabeça do bebé de forma lenta reduz a possibi­lidade de lacerar. Permite que os tecidos distendam suavemente ao mesmo tempo que o bebé se move para o exterior.

Episiotomia

A episiotomia não previne a ocorrência de uma laceração (rasgadura), em vez disso aumenta a possibilidade de ocorrên­cia de uma laceração de terceiro ou quarto grau (que envolve o esf íncter anal). As guidelines internacionais não recomendam a episiotomia para proteger o perineo durante o parto. Embora a episiotomia seja mais fácil de suturar, uma laceração natural é menos dolorosa e cicatriza mais rapidamente.

A episiotomia só está indicada em partos instrumentais (fórceps ou ventosa) e em caso de sofrimento fetal para o nascimento ocorrer mais rapidamente. 

Sabia que...

A técnica “hands on” é utilizada por muitos profissionais para evitar a saída repentina da cabeça do bebé e proteger o períneo.

Existem fatores que aumentam a possibilidade de ocorrer traumatismo perineal, tais como:

  • Bebé grande;
  • Grande aumento de peso na gravidez;
  • Condições socio económicas elevadas;
  • Idade materna avançada ou muito jovem;
  • Etnia caucasiana e asiática;
  • Primeiro parto vaginal.
Sutura

Suturar (dar pontos) é a forma mais comum de reparar o períneo. A decisão de suturar ou não deve ser decisão da mulher após devidamente informada dos riscos/benefícios. Nas lacerações de segundo grau (envolvem músculo) a necessidade de suturar é discutível se os tecido estiverem alinhados e não sangrantes.

Na minha experiência como parteira em partos domiciliares aprendi que as lacerações não suturadas cicatrizam muito rapidamente e com muito menos dor e incómodo que as suturadas.

Fonte:

Celeste Varela (Enfermeira Parteira)

Revista Pais&Filhos

número 290

março 2015

 

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